sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Vida Circular, Tempo Arrasador

Vida Circular, Tempo Arrasador

No fundo de um mar de memórias
Todos os momentos se desvanecem.
Caminhos amados descruzam-se,
Flutua o peso do arrependimento.

Na escuridão e agnosia da noite
Destroem-se frios os laços criados.
Passeiam transeuntes as almas sumidas,
Podes sentir o vento a rasgar-se na face.

Trajectórias bifurcantes voltam a colidir
Mas enganos errados demais tardios.
Perecem vacilantes as flores pisadas,
Restam branqueados traços ordinários.

Rápido, o tempo voa, verte e vai-se.
Numa estrada de certeza vertiginosa,
Cada um ruma à solitária última bala,
À inevitabilidade casada ao pôr-do-sol.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sou Uma Ilha Deserta

Sou Uma Ilha Deserta

Estorvo rodeado pela vastidão do oceano
Avultam-se sussurros no ombro subconsciente.
Tudo menos sou que uma ilha deserta e por dentro...
Um ser que goteja o desespero de uma morte viva.

Dois pés funambulistas na ténue linha da sanidade
A pronto do pior, um ego que me quer fundo profundo.
A esperança sepultada, porém bípede até à eternidade
Uma face tão fácil num grito mudo e moribundo.

Acaba lúgubre o meu resquício ao beber o abismo
E faço preces por costas em que me possa apoiar,
Enquanto anseio a terra prometida depois do sismo.
Das cinzas, ares materiais, uma fénix para acreditar:

“Cerro os olhos na pluma que me conduz,
Deixando a evidência na subida da mente.
Lá no auge, um almejado farol radiante de luz!
Logo ali, um fogo que me cegue intensamente!"