sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Short Term 12

Longo longo tempo se passou desde que um filme me afectou emocionalmente com tamanha intensidade. Desde já um favorito! Quando se trata de uma pérola indie, sinto-me na responsabilidade de tentar cooperar o pouco que for para a sua divulgação (se um ser humano vir a obra em causa pelo meu post já estou a contribuir para um mundo melhor). 



















Short Term 12 remete para um centro de acolhimento de adolescentes cujo staff é constituído por vários jovens nos seus vinte e tal anos, dois deles namorados (grande actuação de Brie Larson, num registo comedido em que deixa o silêncio e a angústia "falarem" por ela) e também com um passado conturbado. Em termos narrativos, o foco é na sua relação e no seu envolvimento com dois adolescentes em particular (destaque para a excelência do desabafo metafórico através do rap no caso do rapaz e do conto/narrativa no caso da rapariga).

 













Ritmo retraído e extremamente envolvente, câmara irrequieta e intimista. Sabe a poesia... Os acontecimentos dramáticos nunca parecem forçados ou manipuladores. Com o auxílio de um minimalismo sonoro e de performances convincentes, o equilíbrio entre tristeza e humor é pleno, genuíno. O circular final em slow motion é perfeito, capturando o ambiente etéreo proveniente das conexões interpessoais no centro de acolhimento, um lugar onde a dor não é só almofadada. Aí, essa dor aprende a ser adulta, a partilhar-se com os outros, com a dos outros. 

O rato acolhedor pariu uma montanha comovente... Os meus olhos estão em sofrimento. Entre as horas que não durmo nas vésperas de exames e beldades como esta... Conhecendo-me, de 2013 só Her me poderá causar maior impacto.