Que semana mais estranha, em particular o último dia... É tão difícil
expressar a balbúrdia de emoções que anda a deambular dentro de mim. Custa a
acreditar que 13 anos de escola já são somente passado, mais ainda como voaram
os últimos três e o que implicaram. Estou incrivelmente nostálgico,
avassaladoramente vulnerável a nível emocional. Apetece-me chorar um oceano (de
agradecimento, não de tristeza) e limitar-me a sentir este estado que nem
compreendo, sem ter que pensar, como uma simples criança. Nada é mais belo que
sentir, só sentir, ser o alvo mais fácil e ter o caos do universo no coração.
Engraçado como tudo começa num infinito de possibilidades e termina num
capítulo fechado e irreversível. Os sonhos morrem, são adiados ou substituídos.
Fica a saudade de os ter, a memória de tanto os querer... Mas tudo fica bem
quando rolam os créditos finais. Acabamos por aceitar o que foi e esquecer o
que nunca foi. Apenas a intermitência mental da realidade "se" causa
alguma dor...
Há três anos, estava no fundo, num estado miserável, perdido no tempo,
no espaço e nos constantes sismos do meu ego de cristal. Viciado num hábito de
auto-destruição, num estado inconsciente de convidar a depressão. O percurso
foi sinuoso, com muitos passos em falso. Agora, estou melhor que nunca. Tudo
feito e dito e concretizei aquilo que para mim é o propósito global do secundário:
descobri-me! É apropriado o facto de só depois de chegar a essa meta, no 3º
período do 12º ano, perceber que era esse o derradeiro sentido e que muito do
resto era acessório... Hoje, sei quem sou, sei o que pretendo e o que não
pretendo. Finalmente, sou "EU" e no futuro serei bem mais, cada vez
melhor, acredito. Dos 16 aos 18, a minha personagem teve um desenvolvimento
incrível. Nos dias que correm, encaixo nela e é simples interpretar a sua
complexidade.
Em retrospectiva, estou grato acima de tudo. Grato pelo que vivi, com
quem vivi, pelos momentos sérios, pelos momento estúpidos, pelos amigos que fiz
(escassos, mas amigos na verdadeira acepção do termo), pelos meros conhecidos
(que persistindo a lógica do meu passado, nada serão no meu futuro - salvo
algumas excepções), pelos professores marcantes... Não consigo sequer dar
relevância ao negativo. Felizmente, esmorece na força envolvente do positivo.
O que detesto é ter de dizer adeus. Não suporto despedidas e o seu
carácter repentino! Gostava de poder seguir em frente sem deixar nada, ninguém
para trás. Sim, carregamos as recordações, mas elas têm sempre um sabor doce
amargo, uma eterna dualidade: a felicidade de as ter vivido num gládio
incessante com a melancolia de não as poder viver outra vez. A saudade é o
sentimento que coroa a palavra "frustração". Não há nada pior que
perder pessoas importantes para qualquer uma das três grandes distâncias do
cosmos: temporal, espacial e dimensional.
E no fim, o cliché é sempre o mesmo, é sempre o único que está condenado
a fazer sentido: "A vida continua..." E a saudade também, corrijo
eu... Mais ainda quando a nostalgia lhe concede o seu poder ilusório. Aí, vem a
saudade do que nunca vivemos, das pessoas que nunca conhecemos, dos sentimentos
que nunca sentimos...