domingo, 20 de maio de 2012

UDB: 2005-2012


E acabou. Desta vez, não foi só mais uma época... Todo o meu percurso nas camadas jovens, sete anos na UDB (o que corresponde a mais de um terço da minha vida, coisa pouca) passam a conjugar-se no passado, começam a encher-se de pó e a transformar-se em nostalgia e recordações em forma de fragmentos.

Num plano geral, é mais que óbvio dizer que foi uma jornada incrível. Jogar futebol é a minha grande paixão de infância e foi neste clube que tive oportunidade de o fazer um pouco mais a sério. Ter objectivos tangíveis durantes semanas a fio e contribuir para algo maior do que eu (um colectivo)... Dos 12 aos 18, de criança quase adolescente a adolescente quase adulto... Tantas voltas à volta da minha existência, tantas mudanças e o futebol, a UDB como constante! Fez sempre parte! Desde o típico (se bem que, no meu caso, frágil e efémero) sonho de mais um miúdo que ambiciona fazer disso vida, até hoje em que o futebol é, talvez, acima de tudo uma tentativa de agarrar a infância que resta em mim. Quando me sinto bem em campo, consigo mergulhar na pouca água que ainda faz esse rio fluir.

Só tenho pena de não ter conquistado algo relevante... Principalmente, esta temporada. Estava mesmo empenhado em fechar com chave de ouro. Ainda assim, foi uma época positiva. A nível individual, também correu bem. Nunca tinha sido tão regular em termos de boas exibições. A grande mágoa é ter falhado no jogo mais importante... De qualquer modo, adorei a ambiência em redor de 2011/2012. Foram, destas sete temporadas, os meses em que mais gozo me deu treinar e jogar. Passaram a voar...

Em relação ao que aí vem, não sei muito... Sei que apenas voltarei a comprometer-me com um clube se e quando tiver oportunidade de ser primeira opção, bastando para isso treinar e aplicar-me. Não vou ser hipócrita... Só me interessa e só tenho motivação para estar onde faço falta. O contrário implica não me sentir bem. Como será dificílimo conseguir o que pretendo, pelo menos num futuro próximo, é provável que desapareça do mapa... A transição para o futebol sénior é frustrante.

O dia de ontem é um daqueles dias cujo significado só vou realmente perceber à medida que o tempo dele se afasta. É, por certo, bem maior do que aquilo que as suas 24 horas de duração indicam. Apesar de estar empolgado em relação à entrada no ensino superior, à introdução a um mundo mais amplo, diverso (e menos superficial, espero), 2012 é um ano assustador. É estranho e perturbador que tantos anos sejam mortos num único, por um único... Daqui a três semanas, são 13 reduzidos a cinzas...

Para todos os efeitos, porque fui e sou obcecado por estatística, aqui fica (guardado para lá do meu cérebro) o meu registo ioiô de golos marcados (partidas oficiais apenas, claro). Sendo jogador de posições avançadas e um ser humano altamente egocêntrico, constituiu sempre um modo de objectivar/quantificar o meu rendimento. Claro que é inflaccionado por golos a equipas fraquíssimas, mas felizmente apareci muitas vezes também em jogos grandes... A minha alternância de ano bom para ano mau é que, de facto, foi algo estranho...

2º ano de Infantil - 2005/2006: 22 golos
1º ano de Iniciado - 2006/2007: 12 golos
2º ano de Iniciado - 2007/2008: 27 golos
1º ano de Juvenil - 2008/2009: 7 golos
2º ano de Juvenil - 2009/2010: 28 golos
1º ano de Junior - 2010/2011: 6 golos
2º ano de Junior - 2011/2012: 20 golos
Total: 122 golos (o número de jogos deve ter rondado os 175). 

domingo, 6 de maio de 2012

Palavra Puxa Silêncio

Palavra Puxa Silêncio
 
Novamente uma outra vez e repete-se o costume.
Esgoto-me em mais mil linhas de conversa fiada
Em enxames de tépidas borboletas sociais tecidas,
Intoxicando frases gastas através de perfume,
Fingindo carácter na mais previsível charada,
Calando vozes de resistência com pesticidas.

São tantas as multidões em que me pontuo com ausência,
Em que me fecho à mesma chave que de imediato engulo
Enquanto observo o instinto animal carente de complacência
E analiso de sílaba em sílaba insectos que sem asas voam,
Que numa fé cega e surda pregam o fanatismo do seu casulo,
Ocultando numa recusa muda a frustração com que me magoam.

Bem, lamento privar-me dessa procissão de sucção de almas,
Por julgar o espelho e concluir sinfonias de pessoas de plástico
(Para afastar a infestação de ideias clonadas que viram armas),
Nele procurando a assimetria dos poucos timbres de discórdia,
Lavando o meu cérebro de lobotomias num desdém sarcástico,
À medida que deambulo nas bocas sem saída que rugem concórdia.

Déjà vu e segundos de palavras puxam eternidades de silêncio.
Porque escapo a teias de aranha que de veneno são prenúncio
E ao custo orgulhoso do falar barato que se afunda no cimo do copo,
Perante estranhos em que o ruído do álcool me deturpa misantropo.

Personalidades indissolúveis: água e óleo, eu e os outros.
Uma incessante quebra de corrente que pauta a minha sina,
Génese de uma alienação auto-infligida predestinada a ser rotina,
Ciclo interminável que virgulo em reticências num ombro amigo.
Fui, sou e serei: férias de um ocaso que cara a cara aceita abrigo.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Anos De Chocolate

Anos De Chocolate

Tempos da linha de partida do horizonte,
Candura dos aniversários de uma só letra.
Recordam-me a certeza de ter tudo defronte
E contagiam-me a beleza de aí ler incerteza.

Foi como um Éden sem Adão e Eva
Mas pequei em provar algo para além de ti
Porque o que o fruto de crescer traz, cedo leva
E essa curiosidade é hoje uma árvore sem raiz
Num jardim em que só floresce saudade do que perdi.
Maldita sejas, queda do paraíso que nem deixou cicatriz!

Oh, única poesia que jamais será poema!
Diário apaixonado em que tropeço para cair!
Coisas simples como tu que só posso sentir!
Inconsciência permitida e sem qualquer dilema!
Inocência inefável que sempre se limita a fluir!
Nuvem pintada de azul que me tenta invadir!
Textura empírica de Natal que laureio lema!

Convidas-me a abraçar o teu espectro na mente,
A captar a nostalgia fresca da qual te alimentas,
Na idade da razão embrionária e efervescente,
Talvez tentando sepultar-me labirintos em frente,
Ocultando a essência adversa à ciência que acalentas,
Só para estares longe, numa desejada solitude ausente.

Oh, altura em que o mundo era todo mais alto!
Adrenalina gritante de saltar para o sobressalto!
Chafariz de sorrisos preciosos que ninguém explica!
Ponto de encontro com o máximo sincero existir!
Energia incessante que matéria negra clarifica!
Perguntas triviais que se respondem com o agir!
Hipóteses de escolha que não têm de se decidir!

Agora percebo a parábola por detrás de cada fábula
E que o "era uma vez" é uma estrada que passa e nem vês!
A infância é assim, uma passadeira sem bilhete de despedida!
É a única distância que torna um laço mais apertado!
São milhões de futuros dispersos no trânsito do passado
E herdas o rumo que nunca soubeste ser para toda a vida!