quarta-feira, 2 de maio de 2012

Anos De Chocolate

Anos De Chocolate

Tempos da linha de partida do horizonte,
Candura dos aniversários de uma só letra.
Recordam-me a certeza de ter tudo defronte
E contagiam-me a beleza de aí ler incerteza.

Foi como um Éden sem Adão e Eva
Mas pequei em provar algo para além de ti
Porque o que o fruto de crescer traz, cedo leva
E essa curiosidade é hoje uma árvore sem raiz
Num jardim em que só floresce saudade do que perdi.
Maldita sejas, queda do paraíso que nem deixou cicatriz!

Oh, única poesia que jamais será poema!
Diário apaixonado em que tropeço para cair!
Coisas simples como tu que só posso sentir!
Inconsciência permitida e sem qualquer dilema!
Inocência inefável que sempre se limita a fluir!
Nuvem pintada de azul que me tenta invadir!
Textura empírica de Natal que laureio lema!

Convidas-me a abraçar o teu espectro na mente,
A captar a nostalgia fresca da qual te alimentas,
Na idade da razão embrionária e efervescente,
Talvez tentando sepultar-me labirintos em frente,
Ocultando a essência adversa à ciência que acalentas,
Só para estares longe, numa desejada solitude ausente.

Oh, altura em que o mundo era todo mais alto!
Adrenalina gritante de saltar para o sobressalto!
Chafariz de sorrisos preciosos que ninguém explica!
Ponto de encontro com o máximo sincero existir!
Energia incessante que matéria negra clarifica!
Perguntas triviais que se respondem com o agir!
Hipóteses de escolha que não têm de se decidir!

Agora percebo a parábola por detrás de cada fábula
E que o "era uma vez" é uma estrada que passa e nem vês!
A infância é assim, uma passadeira sem bilhete de despedida!
É a única distância que torna um laço mais apertado!
São milhões de futuros dispersos no trânsito do passado
E herdas o rumo que nunca soubeste ser para toda a vida!

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