segunda-feira, 11 de novembro de 2013

14



14

Braços-baloiço numa segunda-feira sépia
Em mãos-melisma no São de Novembro.
Assim começa, o sem fôlego de tanto o ter
Por ti, sabor de nada saber, todo o membro  
Ao arrepio no paraíso de querer e desconhecer.

Sala de sempre à socapa e beijo-tiro no escuro.
Em nome do tacto, o meu pescoço a fotografar
Os calafrios de um intervalo desde logo futuro.
Podes durar um búzio, blindada imagem infinita de arfar…
Aproximações como um grandeur metafísico a cada muro.

O teu-meu elástico rosa e o sabor de a tudo saber
Durante conversas de quarto num romance neo-epistolar;
As polaróides fragrantes em folhas de diário sem caducar
No Outono quase estático de ao teu tronco ascender.

Memória rainha na câmara lenta de Dezembro poente,
Aquele parque ao crepúsculo como iluminada balada
No qual me pulsas a gravidade para o chão crescente
Num uno de dígitos em que nascemos a era dourada.  

A tua persistência à minha resistência, comissura
Onde os avanços recuam a línguas estrangeiras.
Não perguntes, não digas, a defesa à mistura,
O meu senso incomum de socializar barreiras.
Mas até aí, souvenir de fundo ao fitar pela costura…

Para lá de ficar a pedra que (as fragilidades) me atiraram,
Mais que segundas chances e remorsos exagerados
Permanece o ar rarefeito e a quintessencial inquietude;
Mais que aulas de anatomia e aniversários decorados
Desaparece o rancor dramático e a demencial atitude.

Se a recordação é esse ser que nos vive em escalas
Posso alegar-lhe o discurso apologético do teu bem,
Fazer de um gramofone o aeroporto para falsas falas,
Um clássico apropriado para sobreviver ao meu desdém
A gratidão distante de te perenizar uma passagem doce:
“Querido motivo maior, vamos sempre ter os catorze.”

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