(En)Canto Do Cisne
Laranja
Saída
à francesa da dor doce de crescer
Tal
como a vivi numa febre contida,
Um
preto e branco a que falhei o exterior.
Deixa
a Cinderela chegar a este bairro nenhum
E
o gume que não amei nega-me em retrovisor.
Sou
uma miúda trágica entre plátanos suburbanos
Com
olhos a cortar cebola no arrebol secundário.
Algo
digno, tudo o é na lava nostálgica dos danos.
Quantos
que não conheci, tanto que não senti
No
cenário emocional de beber ilusão de onde parti.
Melodrama,
ou a melodia que invento na trama
De
tempos de sonhos cujo mero sonhar era revigorar.
Já
sete palmos de terra sobre sacos de plástico no ar,
Quando
todos um procedural e daí cancela na chama.
Anomia, onde vou? Ao ser de ninguém a razão de parar...
Mas
vem-me Cinderela e sou porcelana sentimental.
Finco
pé no corredor a mitigar o carro desvanecente
Com
os sentidos no grande céu tangerina em bandeja
Quando
o adeus é uma claque a servir serenamente
O
infinito refugiado na despedida aberta que me beija.
Quero
dançar com os subúrbios neste asfalto que transpira.
Sem
memória ou expectativa à baila no instante defronte.
Posso
ser um veado em slow diante de faróis no horizonte,
Posso
morrer um vestido vermelho na estrada que expira
Angústia
minha à boleia bela de sorrir o frágil estendido.
Faz-me
tu Cinderela, numa assim chamada adolescência.
Sou
tão princesa na rua ruiva de regressar quimera a casa
Da
escola ao fim da tarde na luz melancólica em cedência.
Um
décimo de segundo, a vida do eu no estado que estou,
Tristeza
eufórica na empatia tardia de não ter tédio algum.
Rituais
de passagem, por que nunca de paragem?
Pudesse
ficar envolto nos braços do momento,
Enredar
em culs-de-sac seres sempre em viagem,
Não
voltar a ser abóbora num fundo cinzento.
Louco
mover, se ao deixar ir sou vazio por inteiro.
Falta-me
tanto, aprender a permanecer passageiro
Num
mundo que se recusa a ficar enquanto é eterno,
Num
modo motel de estilhaçar o corpo moderno.
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